Os seres humanos são uma espécie naturalmente cooperativa. Sentimo-nos em casa a colaborar com outros e a trabalhar em projectos de sucesso em conjunto. Esta cooperação, este sentimento de união, ajuda a construir sociedades mais robustas e de gestão mais suave.
Juntar, num só sentido, é também algo que pode ajudar a construir uma organização ciber-segurança. Contudo, fazer com que todos compreendam que esta responsabilidade partilhada é a realidade do controlo das ameaças à segurança cibernética dos dias de hoje é outra questão.
Para chegarmos a um lugar onde possamos enfrentar a crescente investida de ataques cibernéticos, uma empresa precisa de incutir a sensação de que a segurança cibernética é da responsabilidade de todos. No entanto, como fazer disso uma realidade precisa de alguma reflexão e preparação.
A Ciber-Segurança é mais do que tecnologia
Os agressores de segurança procuram uma viagem fácil; afinal de contas, porquê dificultar a sua vida? O 'passeio fácil' vem sob a forma de cenários de ataque de segurança cibernética que fazem uso de um ser humano, normalmente um empregado ou associado de negócios, para abrir a porta à rede corporativa.
Normalmente, os cibercriminosos utilizam técnicas de engenharia social e phishing para entrar na rede, e uma vez dentro, os cibercriminosos podem banquetear-se com os dados, instalar resgates, e causar a devastação geral.
Investigadores da Universidade de Stanford descobriram que 88% das violações de segurança tinham um elemento de erro humano, sendo frequente os funcionários não estarem dispostos a admitir erros. O relatório também identificou os e-mails de phishing como a causa de 25% das violações, com esquemas de phishing a apanharem os empregados usando engenharia social e truques psicológicos para manipular o comportamento.
Complicando o sucesso do elemento humano nos ataques cibernéticos, os instrumentos de segurança tradicionais, tais como software antivírus, têm demonstrado ser apenas 50% eficazes na detecção de ameaças. Este duplo choque da engenharia social, associado a tecnologias de segurança menos de 100% eficazes, levou as equipas de TI a compreender que necessitam de uma abordagem mais holística para proteger os recursos.
Em vez disso, os profissionais de segurança sabem que para enfrentarem ataques cibernéticos devem incorporar uma mistura de Formação de Sensibilização para a Segurança e medidas tecnológicas lideradas por uma forte aplicação das políticas.
Em última análise, todos numa organização têm um papel a desempenhar para criar uma camada protectora contra ataques cibernéticos. A utilização de cinco valores fundamentais ajuda a cimentar a responsabilidade de todos dentro de uma empresa.
Criar um Conjunto de Mentes de Segurança Cibernética Responsável através de Cinco Valores Fundamentais
Ao reconhecer que a cibersegurança é da responsabilidade de todos e que os empregados são uma parte crucial de uma estratégia eficaz de cibersegurança conduz ao conceito de firewall humano. Esta é uma ideia que se baseia em permitir que os empregados actuem como um escudo contra as ameaças cibernéticas centradas no ser humano.
Os empregados são um alvo de cibercriminosos à procura de formas fáceis de entrar numa organização. Uma responsabilidade eficaz e accionável exige as ferramentas de protecção contra ataques que se concentram nos empregados; um empregado com poder reduz a probabilidade de um ataque bem sucedido.
A construção de uma robusta firewall humana requer uma mudança de mentalidade. Esta mudança de mentalidade cria uma cultura de segurança cibernética, construída sobre uma boa educação de segurança e ferramentas e medidas que fornecem aos empregados e outros não-empregados os meios para ajudar a detectar e combater o phishing e outros esquemas, tais como o Business Email Compromise (BEC).
Esta mentalidade de segurança em primeiro lugar é defendida pelo Instituto Nacional de Normas e Tecnologia (NIST). Uma publicação do NIST de 2018 "Segurança é o trabalho de todos" estabelece cinco valores centrais que são utilizados para criar uma cultura de segurança cibernética que o NIST considera "crítica" para uma postura de segurança cibernética bem sucedida:
Core Value One - Conjunto de Mentes
NIST diz que uma cultura de segurança cibernética é fundamental para imbuir toda a organização de uma mentalidade de segurança em primeiro lugar. Esta pedra fundamental da segurança das empresas estabelece o cenário para uma melhor segurança através do conhecimento dos truques e esquemas que levam à exposição de dados, resgates, e outras falhas de segurança.
Valor Principal Dois - Liderança
O tom da responsabilidade pela segurança deve vir do topo para encorajar e impor a mentalidade de segurança necessária para impedir os ataques cibernéticos.
Esta liderança de cima para baixo na segurança está a ser formalizada, como Gartner, Inc., prevê que "até 2025, 40% dos conselhos de administração terão um comité de segurança cibernética dedicado, supervisionado por um membro qualificado do conselho". Os líderes devem liderar pelo exemplo, e agir para influenciar e modelar bons hábitos de segurança.
Valor Essencial Três - Formação e Sensibilização
O NIST reconhece que um elemento fundamental de uma organização segura é a implementação de Formação de Sensibilização para a Segurança. Ao educar os empregados em truques de engenharia social e ao treiná-los para detectar e-mails de phishing, os empregados podem 'bater com a porta da ameaça cibernética' na cara do cibercriminoso.
Core Value Four - Gestão do Desempenho
Os objectivos da organização devem alinhar-se com os objectivos individuais de desempenho. O NIST sugere a utilização de incentivos e desincentivos para ajudar a modificar o mau comportamento de segurança cibernética.
Valor Essencial Cinco - Reforço Técnico e de Políticas
Medidas técnicas, tais como autenticação multi-factor (AMF) e políticas de senha devem ser utilizadas para aumentar e impor uma boa higiene de segurança.
Ciber-Segurança Através da Ciber-Responsabilidade
A cibersegurança é da responsabilidade de todos. Mas quando se torna alguém responsável por algo, é preciso dotá-lo dos instrumentos necessários para agir de acordo com essa responsabilidade.
Para iniciar o processo de se tornar uma organização ciber-responsável, uma empresa deve criar uma cultura onde a segurança seja de segunda natureza. Os seres humanos são naturalmente cooperantes, e um sentido de responsabilidade pode ser cultivado através da implementação dos cinco valores centrais do NIST, tal como demonstrado acima.
Estes valores permitem-lhe sublinhar e impor um sentido de responsabilidade pela segurança cibernética e fornecer aos empregados os meios para cumprir essa responsabilidade e agir como uma força combinada contra ataques de engenharia social.

